23/09/09

A influência dos carotenóides nos canários


As penas e suas estruturas:
As penas crescem na base dos folículos onde existem células
especializadas. Os folículos são encontrados na derme e podem-se
estender para o interior subcutâneo. A estrutura lembra a dos folículos
pilosos.
Há sete tipos de penas: de contorno, semiplumas, penugem,
penugem com poeira, hipopenas, filoplumas e cerdas.
As penas de contorno são as maiores e
incluem as penas de vôo e a camada
externa de curvatura do tronco. As
semiplumas são penas intermediárias entre
as penas de contorno e a penugem. Existem
penugens natais e as definitivas. As
semiplumas e a penugem proporcionam
isolamento térmico.
A penugem com poeira elimina 1 mm
de grânulos de ceratina, substância
pulverizada branca que auxilia na
impermeabilidade à água.
Durante a muda as penas velhas são
empurradas para fora pelo crescimento de
penas novas. Após, ocorre o surgimento
de penas em agulha ou sangüíneas novas,
a camada mais interna é composta de
tecido vascular derivado da artéria base.
Esta camada é responsável pela nutrição
dos tecidos relacionados com a formação
da pena e encaminhamento dos pigmentos
para coloração das mesmas. A camada
responsável pela produção de células
queratinizadas que formam a estrutura das
penas é a mesaderme. Conforme este
processo evolui a polpa vascular se retrai
novamente para a base folicular. Só a
penugem com poeira cresce continuamente.
A coloração:
Nas aves, a coloração é produzida
tanto por pigmentos como pelo que se
chama de coloração estrutural. A coloração
estrutural é produzida por interferência
(resultando da iridescência) ou espalhamento da luz (resultando em
coloração não iridescente, como o azul dos periquitos australianos).
As cores pigmentares incluem melaninas, carotenóides e porfirinas.
Os pigmentos carotênicos que se originam a partir de matéria vegetal
e podem ser absorvidos pelo organismo através de fontes naturais
(aloxantina, capsantina, capsorubina, licopeno, luteína, mixol,
osciloxantina e zeaxantina) ou fontes sintéticas (cantaxantina), são
encontrados em glóbulos de gordura nas penas. Eles são responsáveis
pelas cores amarela, laranja e vermelha, essas cores brilhantes ficam
esmaecidas na plumagem de aves que não tem uma fonte dietéticade carotenóides.
O caroteno desempenha importante
papel fisiológico, sendo convertido em
vitamina A (retinol) e ácido retinóico.
Carotenos são precursores da vitamina A
e incluídos na categoria de antioxidante.
A pigmentação anormal das penas pode
resultar de deficiências dietéticas de lisina,
ácido fólico, ferro, colina ou riboflavina. A
administração de pigmentantes sintéticos
pode resultar em hipervitaminose A, o que
não ocorre com a utilização de produtos
na forma natural.
Nos canários também influem na
formação da cor as melaninas. Elas são
formadas no organismo e depositadas nas
penas por processos internos, diretamente
ligados à tirosina. As melaninas são
divididas em eumelanina negra,
eumelanina marrom e feomelanina.
Qualquer delas se depositam nas penas
de duas maneiras: concentrada na região
central das penas formando estrias e
pulverizada sobre a plumagem formando
a envoltura.

Os carotenóides:
Podem ser classificados em carotenos
e xantofilas. O caroteno mais conhecido é
o betacaroteno. Porém ele não consegue
transpor as paredes intestinais dos canários,
assim não influencia na coloração das
penas.
As xantofilas são carotenóides que
conseguem transpor a parede intestinal dos
canários, mas necessitam de substâncias
gordurosas para serem absorvidas pelo
organismo. As mais conhecidas são a
luteína, a zeaxantina, a cantaxantina e a
rodoxantina. A luteína e a zeaxantina são
ingeridas normalmente na alimentação
diária dos canários.
A luteína provém das sementes e é
responsável pela coloração limão da
plumagem. As fontes de zeaxantina são
principalmente o ovo e o milho amarelo, e
a coloração resultante é o alaranjado.
A cantaxantina e a rodoxantina são
pigmentos que dão a coloração vermelha,
mas não fazem parte da dieta dos canário,
devendo ser adicionadas diariamente na
ração e de forma contínua. A primeira é
responsável pela cor mais intensa e maior
brilho na plumagem, a outra dará uma
tonalidade mais fosca.
A influência da alimentação:Nos canários com ou sem fator
vermelho, a zeaxantina se torna
indesejável, pois além de competir com
outros carotenóides como a cantaxantina,
será responsável pela deposição dos tons
alaranjados. Por isso o fornecimento de
gema de ovos e de milho amarelo deve
ser evitado para canários onde se queira
a coloração vermelha. A clara pode serfornecida como fonte protéica.
No caso de canários com fator marfim,
a zeaxantina é benéfica e intensifica a sua
cor ao invés de dourá-lo.
Verduras verde-escuras e frutas ricas em
carotenóides devem ser substituídas por
aqueles que os contêm em menor
quantidade, para minimizar a interferência
nos canários vermelhos.
Acredita-se que a cantaxantina
industrializada não fique armazenada por
muito tempo no fígado, ao contrário dos
carotenóides naturais, por isso sua
administração deve ser contínua. A
quantidade deve ser avaliada de acordo
com a coloração nas fezes dos canários,
se for vermelha está sendo administrada
em excesso, elas devem ter tonalidade
rosada. A deposição deste pigmento
depende também de fatores como ausência
de patologias hepáticas, presença de
lipídeos na alimentação, genética da ave
e intensidade do lipocromo (está
relacionada ao comprimento da pena,
quanto menor maior a deposição).
As aves que estão recebendo
cantaxantina não devem ser expostas ao
sol, pois poderão parecer queimadas.
Outro fator importante é o produto a ser
utilizado, que não deve ser trocado até o
fim da muda. Se forem necessárias mais
de uma embalagem, elas devem ser de
mesmo lote ou partida, ou então devem
ser homogeneizadas e ficarem longe do
contato com luz, calor, ar e umidade, pois
estes produtos são sensíveis.